O Judas moderno não se arrepende


Vladimir Chaves

Vivemos dias em que a traição deixou de ser um ato pontual para se tornar um estilo de vida para alguns. A figura de Judas Iscariotes, que outrora nos causava espanto pelo seu ato de trair o Mestre com um beijo, hoje encontra paralelos dolorosamente reais em nosso cotidiano. Mas há uma diferença: o Judas moderno não se arrepende nem se enforca; o Judas moderno é tão trapaceiro que voltará para beijar seu rosto quantas vezes você permitir.

A Palavra nos diz que, Judas foi consumido pelo remorso após perceber a gravidade do que havia feito. Ele devolveu as trinta moedas de prata e, desesperado, deu fim à própria vida (Mateus 27:3-5). Porém, o traidor dos nossos dias muitas vezes não sente remorso. Ele se especializa em manipulação emocional, se disfarça de amigo, pede perdão, espiritualiza suas intenções e finge inocência para manter-se próximo — sempre à espreita de uma nova oportunidade de enganar.

A Palavra nos adverte sobre esse tipo de comportamento. Paulo escreve:

“Isso não é de admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Portanto, não é surpresa que os seus servos finjam ser servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações merecem.” 2 Coríntios 11:14-15

Os “Judas modernos” têm aparência de piedade, mas negam a eficácia dela (2 Timóteo 3:5). Aproximam-se com palavras doces e gestos afetuosos, mas no coração tramam o mal. Diferente do Judas bíblico que teve ao menos um momento de remorso, os traidores atuais se repetem sem culpa — voltam, sorriem, abraçam... e ferem de novo.

Esse tipo de pessoa só continuará a agir enquanto você permitir. É necessário, com discernimento espiritual, saber a hora de afastar-se, perdoar sim — como Cristo nos ensinou —, mas não alimentar ciclos tóxicos de traição. Jesus perdoou, mas não impediu Judas de sair do cenáculo após o beijo da hipocrisia (João 13:27).

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