Reportagem do Jornal O
Globo, publicada na edição de hoje 09.12, sepulta de vez o que restava de
credibilidade da CPMI da Petrobras. De acordo com O Globo pelo menos sete parlamentares
da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, receberam recursos das empreiteiras
acusadas na Operação Lava-Jato.
Estranhamente nenhuma das empreiteiras citadas no maior escândalo de corrupção da história da Republica do Brasil, tiveram seus executivos convocados pela CPMI, ou os sigilos quebrados.
De acordo com a reportagem
do O Globo, parlamentares da CPMI da Petrobrás, receberam R$ 3,46 milhões em
doações de campanha das empresas investigadas.
Os parlamentares que
receberam doações são:
Deputado Marcos Maia (PT) – Relator da CPMI – Recebeu R$ 100 mil da Mendes Junior Trading; R$ 30 mil da Galvão Engenharia; R$ 30 mil Estre Ambiental.
Senador Humberto Costa
(PT) – Recebeu R$ 1,53 milhão da Camargo Correia, OAS e Galvão Engenharia.
Senadora Vanessa Grazziotin (PC do B) – Recebeu R$ 500 mil da Camargo Corrêa.
Deputado André de Paula
(PSD) – Recebeu R$ 400 mil da Camargo Correia.
Senador Ciro Nogueira (PP)
– Recebeu R$ 150 mil da Camargo Corriea Cimentos.
Deputado Carlos Sampaio
(PSDB) – Recebeu R$ 250 mil da Fidens
Deputado Rodrigo Maia (DEM)
– Recebeu R$ 300 mil da UTC Engenharia.
Ainda de acordo com a
reportagem de O Globo, as empreiteiras investigadas fizeram doações a
diretórios estaduais do PMDB do Maranhão, Rondônia e Paraíba.
O PMDB tem representantes
de Rondônia e Paraíba na comissão: os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Vital
do Rêgo (PB), que preside da CPMI.
Confira a integra da matéria
do Jornal O Globo:
Lava-Jato: Integrantes da
CPMI receberam doação de empresas investigadas
Comissão não quebrou sigilo de empreiteiras nem convocou executivos
Pelo menos sete dos 16
integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investigou
desvio de recursos da Petrobras para beneficiar agentes públicos, receberam
doações de empreiteiras e empresas investigadas na Operação Lava-Jato na
campanha eleitoral de 2010. Ao longo dos trabalhos, a comissão não autorizou a
quebra do sigilo bancário das empresas e também não convocou empreiteiros para
prestar depoimentos.
Juntos, os parlamentares
receberam R$ 3,46 milhões. O relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), que
apresenta hoje o relatório final, recebeu R$ 330 mil. Da Mendes Junior Trading,
foram R$ 100 mil; da Galvão Engenharia, R$ 30 mil, e da Estre Ambiental, que
fez pagamentos a empresas do Grupo Pragmático, que reunia consultorias de
fachada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, foram
R$ 30 mil.
O senador Humberto Costa
(PT-PE) recebeu R$ 1,53 milhão das empreiteiras Camargo Corrêa, OAS e Galvão
Engenharia na campanha para o Senado. Em um dos depoimentos de delação
premiada, o ex-diretor da Petrobras afirmou que Costa foi destinatário, em 2010,
de parte do dinheiro desviado da estatal e que seria da “cota do PP”. O
senador, que foi ministro da Saúde no primeiro mandato do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, negou.
DELAÇÃO PREMIADA
Na semana passada, outro depoimento de delação premiada, do executivo Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, acrescentou detalhes do funcionamento do esquema montado na diretoria de Engenharia e Serviços, comandada pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Segundo ele, Duque mandou que depositasse valores de propina diretamente na conta do PT, como doação legal ao partido. Ao mencionar a doação legal para campanhas que vem sendo apurada no âmbito da Operação Lava-Jato, o Ministério Público Federal assinalou que o mecanismo pode ser uma forma de lavagem de dinheiro de propina.
Procurado pelo GLOBO,
Costa encaminhou resposta, por meio de sua assessoria, na qual afirma que todos
os recursos recebidos por sua campanha ao Senado foram declarados e que a
prestação de contas da campanha foi aprovada.
O Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) registra ainda a doação de R$ 500 mil feita pela Camargo Corrêa
à campanha de 2010 da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e de R$ 400 mil
para o deputado André de Paula (PSD-PE). O senador Ciro Nogueira (PP-PI)
recebeu, por sua vez, R$ 150 mil em doação da Camargo Corrêa Cimentos. O
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) recebeu R$ 300 mil da UTC Engenharia, e Carlos
Sampaio (PSDB-SP), R$ 250 mil da Fidens, que participou do consórcio GSF,
formado pelas empresas Galvão Engenharia, Serveng Civislan e Fidens Engenharia
para as obras da Usina Premium de Bacabeira, no Maranhão, obra que consumiu
mais de R$ 1,5 bilhão em quatro anos e que não saiu da fase de terraplanagem.
A assessoria de Maia
distribui nota afirmando que, em função do relatório final, não poderia atender
a pedidos da imprensa ontem e que seria injusto atender apenas “um ou poucos
jornalistas em particular” antes da finalização do trabalho da CPMI. A
assessoria de Vanessa Grazziotin afirmou que a senadora é contra o financiamento
privado de campanhas e que foi autora do projeto de lei, aprovado pelo Senado,
que proíbe doações de empresas em dinheiro, ou por meio de publicidade, a
candidatos e partidos políticos. O senador Ciro Nogueira também encaminhou nota
afirmando que cumpriu rigorosamente o que determina a legislação eleitoral e
que as contas foram aprovadas pelo TSE. “As captações de campanha são
apresentadas com a máxima transparência e estão disponíveis para serem
acessadas por qualquer cidadão”, afirmou. Os demais parlamentares que receberam
dinheiro em duas campanhas foram procurados e não se manifestaram.
REPASSE A PARTIDOS
Na delação premiada,
Mendonça Neto afirmou que parte da propina foi depositada diretamente para
partidos, não para candidatos. Na campanha de 2010, o diretório do PMDB do
Maranhão, representado na CPMI pelo senador João Alberto Souza, recebeu R$ 1,2
milhão (R$ 900 mil da Queiroz Galvão e R$ 300 mil da Camargo Corrêa). O
diretório de Rondônia recebeu doações da Queiroz Galvão (R$ 500 mil) e da Iesa
Óleo e Gás (R$ 200 mil). O diretório da Paraíba recebeu R$ 200 mil da Camargo
Corrêa Cimentos. O PMDB tem representantes de Rondônia e Paraíba na comissão:
os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Vital do Rêgo (PB), que preside da CPMI.
Também receberam doações
de empresas investigadas na Operação Lava-Jato o diretório do PT no Acre (R$
500 mil) e o PTB de São Paulo (R$ 300 mil). O partido que mais recebeu, no
entanto, é de oposição: o PSDB de Minas Gerais, que levou R$ 5,780 milhões em doações
das empresas Camargo Corrêa, Alusa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Fidens e Mendes
Junior. O senador tucano Antônio Aureliano, que não foi eleito, era o segundo
suplente do falecido Eliseu Resende e permanece no cargo até fevereiro de 2015.
0 comentários:
Postar um comentário