Pesquisa da Confederação
Nacional da Indústria (CNI) mostra que a perda do poder de compra já atingiu
quatro em cada dez brasileiros desde o início da pandemia. Do total de
entrevistados, 23% perderam totalmente a renda e 17% tiveram redução no ganho
mensal, atingindo o percentual de 40%.
Quase metade dos
trabalhadores (48%) tem medo grande de perder o emprego. Somado ao percentual
daqueles que têm medo médio (19%) ou pequeno (10%), o índice chega a 77% de
pessoas que estão no mercado de trabalho e têm medo de perder o emprego. De
modo geral, nove em cada dez entrevistados consideram grandes os impactos da
pandemia de coronavírus na economia brasileira.
A pesquisa mostra também
que o impacto na renda e o medo do desemprego levaram 77% dos consumidores a
reduzir, durante o período de isolamento social, o consumo de pelo menos um de
15 produtos testados. Ou seja, de cada quatro brasileiros, três reduziram seus
gastos. Apenas 23% dos entrevistados não reduziram em nada suas compras, na
comparação com o hábito anterior ao período da pandemia.
Questionada sobre como
pretende se comportar no futuro, a maioria dos brasileiros planeja manter no
período pós-pandemia o nível de consumo adotado durante o isolamento, sendo que
os percentuais variam de 50% a 72% dos entrevistados, dependendo do produto.
Essa tendência, segundo a CNI, pode indicar que as pessoas não estão dispostas
a retomar o mesmo patamar de compras que tinham antes.
Apenas 1% dos
entrevistados respondeu que vai aumentar o consumo de todos os 15 itens
testados pela pesquisa após o fim do isolamento social. Para 46%, a pretensão é
aumentar o consumo de até cinco produtos; 8% vão aumentar o consumo de seis a
dez produtos; e 2% de 11 a 14 produtos. Para 44% dos entrevistados, não haverá
aumento no consumo de nenhum dos itens.
Isolamento social
Os dados revelam que a
população brasileira continua favorável ao isolamento social (86%), apesar das
possíveis perdas econômicas, e quase todo mundo (93%) mudou sua rotina durante
o período de isolamento, em diferentes graus.
No cenário pós-pandemia,
três em cada dez brasileiros falam em voltar a uma rotina igual à que tinham
antes. Em relação ao retorno para o trabalho depois de terminado o isolamento
social, 43% dos trabalhadores formais e informais afirmaram que se sentem
seguros, enquanto 39% se dizem mais ou menos seguros e 18%, inseguros.
“As atenções dos governos,
das empresas e da sociedade devem estar voltadas, prioritariamente, para
preservar vidas. Entretanto, é crucial que nos preocupemos também com a
sobrevivência das empresas e com a manutenção dos empregos. É preciso
estabelecer uma estratégia consistente para que, no momento oportuno, seja
possível promover uma retomada segura e gradativa das atividades empresariais”,
disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
A maior parte dos entrevistados
(96%) considera importante que as empresas adotem medidas de segurança, como a
distribuição de máscaras e a adoção de uma distância mínima entre os
colaboradores. Para 82% dos trabalhadores, essas medidas serão eficientes para
proteger os empregados.
Dívidas
Um dado apontado pela
pesquisa e considerado preocupante pela CNI é o endividamento, que atinge mais
da metade da população (53%). O percentual é a soma dos 38% que já estavam
endividados antes da pandemia e os 15% que contraíram dívidas nos últimos 40
dias, período que coincide com o começo do isolamento social.
Entre aqueles que têm
dívida, 40% afirmam que já estão com algum pagamento em atraso em alguma dessas
dívidas. A maioria dos endividados em atraso (57%) passou a atrasar suas parcelas
nos últimos 40 dias, ou seja, período que coincide com o isolamento social.
O levantamento, realizado
pelo Instituto FSB Pesquisa, contou com 2.005 entrevistados, a partir de 16
anos, de todas as unidades da Federação, entre os dias 2 e 4 de maio e tem
margem de erro de dois pontos percentuais.
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