Claro que a analise só vai
até onde eu posso observar. Mas quis usar o "brasileira" para não ter
que dar nome aos bois de forma tão direta.
Os jovens vestibulandos
são ensinados como obter um bom resultado no ENEM, ou no vestibular, apenas.
Disso nós já sabemos. E, acredito, que já reconhecemos o "método"
como uma grande falha no sistema educacional e cultural.
O vestibulando vive em uma
temporada de preparação para um grande campeonato, em busca de um troféu no
qual, muitas vezes, só é desejado como forma de satisfação e alívio para
familiares e amigos. Após a aprovação, acaba-se a fome por vitória de muitos.
Pois o topo da montanha era a aprovação em um curso superior. E, muitas vezes,
um curso supervalorizado por questões -apenas- culturais.
A cultura faz acreditar
que precisamos ter uma graduação, um nível superior, para que possamos
"vencer na vida", "ser alguém na vida", "ter respeito
social". Patentes, somos ensinados a conquistar títulos, ter um bom nome,
ter um bom lattes.
Temos o nível técnico como
patente menor, em relação a graduação. Deve ser por causa do tempo necessário
para formação, não é?! Bem, particularmente, não sei. Mesmo eu usando dessa
mentalidade, largando um técnico, para dar início a uma graduação. Naquele
tempo eu acreditava que era realmente melhor, era um vestibulando senso comum.
Não me decepcionei com a
universidade. Sempre fui conectado e observando as pessoas ao redor e suas
atitudes, e foi ai que comecei a ver a mentalidade. Continuava procurando, por
meio da internet, perspectivas de profissionais ou estudantes de outras regiões
e países. E comecei a perceber que existia algo, e que, esse algo, faltava no
meio acadêmico.
Faltava uma intenção de
ser agente transformador direto. Os alunos chegam em sala, sentam e assistem
minutos e minutos de conteúdo que muitas vezes é apenas repetido por
professores de turma em turma. Aquele slide que é reutilizado durante anos. Alunos
que, em aulas práticas, ligam seus celulares e gravam as técnicas, para que
possam repeti-las depois, não como treino para um aperfeiçoamento de técnica,
mas uma repetição para decorar movimento. O movimento se torna metódico,
engessado, totalmente limitado. Não há um raciocínio teórico, levando a um
pensamento crítico, clínico e sistemático. Poucos sabem responder os porquês,
trazer contraponto, e descrever a relação sistemática do trabalho realizado.
Faltava a percepção social
de ser agente transformador direto. Alunos que não percebem, ao menos, a
relevância social de cada formação. Uma sociedade onde existe hierarquia de
profissões, onde o médico é melhor que o profissional de estatística. Como se o
médico pudesse realizar o trabalho do profissional de estatística com louvor,
baseado nos seus conhecimentos da graduação em medicina. Falta alunos dispostos
a intervir politicamente. Quando, em uma assembleia estudantil, 90% dos alunos
são apenas de uma vertente ideológica, e nem são maioria nas salas de aula.
Faltava consciência
científica de ser agente transformador direto. Como já dito por um certo
alguém, a ciência tem sido banalizada. São pesquisas abandonadas após uma
publicação em um congresso, porque o importante era só o certificado. Uma
banalização de publicação, uma troca de serviços corruptíveis, onde cada um
coloca o nome de outro no trabalho, que nem fez parte. A corrupção chegou na
ciência. Bem, veremos a curto prazo suas consequências.
Faltava o respeito e valor
à universidade que os formou. Alguns têm vergonha de dizer onde estudam, de
carregar o brasão da universidade em seus "fardamentos". Muitos
querem se livrar da universidade, e não querem nem olhar para trás, após
estarem com o diploma pendurado na parede. Falta gratidão.
São quase quatro anos de
vida universitária, e fico decepcionado quando olho para ao redor e o ambiente
me faz sentir ainda um aluno de ensino fundamental.
Mas você poderia me
indicar a fazer minha parte e não olhar ao redor. Mas isso me faria mais um que
apenas olha pra frente, como aqueles burros de carga, e me faria egoísta em não
pensar em como melhorar as pessoas e o lugar por onde tenho passado.
Entretanto, manterei a
esperança em um dia ver uma universidade com acadêmicos que seguem um caminho
que julgam realmente ser o melhor, de forma independente, respeitosa, honesta,
e gratificante. Assim, transformando a sociedade em um lugar melhor, como tem
que ser feito.
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