Apesar das notícias
positivas, espalhadas pelas máquinas de propaganda dos governos estaduais, os
governadores nordestinos apenas perderam tempo e gastaram dinheiro público na
Missão Europa do chamado Consórcio Nordeste. O tempo perdido foi de uma semana;
e o dinheiro gasto, por falta da devida prestação de contas, ainda não sabemos.
A viagem foi comparada a
Caravana Rolidei, do filme Bye Bye Brasil do cineasta Cacá Diegues. O tour foi
um vexame em todos sentidos. Serviu apenas para os governadores nordestinos
viajarem de 1ª classe, hospedarem-se em confortáveis hotéis de luxo e comerem
em restaurantes famosos e caros. Serviu também para alimentar o já farto
noticiário de falsas expectativas criadas por estes governadores em seus
respectivos estados.
Nada de prático aconteceu.
Os governadores voltaram do tour europeu de mãos abanando, sem resultados
concretos, sem negócios fechados, sem investimentos garantidos e até mesmo sem
promessas de investimento.
Dos nove governadores,
dois não foram: Flavio Dino (Maranhão) e Belivaldo Chagas (Sergipe, que
suspendeu a viagem após pico de pressão na véspera do embarque). Dino mandou o
vice-governador Carlos Brandão; Belivaldo, o chefe da Casa Civil Oliveira
Junior. Os outros sete governadores foram: Rui Costa (Bahia), Renan Filho
(Alagoas), Camilo Santana (Ceará), João Azevêdo (Paraíba), Paulo Câmara
(Pernambuco), Wellington Dias (Piauí) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte).
A caravana decolou na
sexta-feira (15/11); passaram o sábado e domingo (16 e 17/11) em Paris com
agenda livre. Na segunda-feira (18/11) fizeram a uma reunião em Paris; na
terça-feira (19/11) embarcaram para Roma; na quarta-feira (20/11) na
Confindustria. Na quinta-feira (21/11) estiveram em Berlim, com cerca de 20
empresários na sede da Federação das Indústrias da Alemanha. E na sexta-feira
(22/11) retornariam ao Brasil, contudo, nem todos retornaram. Alguns resolveram
esticar a viagem e ainda não retornaram. É o caso do governador do Piauí
Wellington Dias que teria ido à Espanha em agenda particular. O governador do
Ceará Camilo Santana também não teria retornado. Foi encontrar a irmã que mora
em Paris, apesar da divulgação de notícias suas visitando canteiros de obras
ontem, sábado (23/11).
CHUVA IMPROVISADA NO
MOLHADO — Mesmo negando a intenção de promover a tese separatista do nordeste
do Brasil, em nenhuma reunião na Europa a bandeira brasileira apareceu ou foi
exibida. Em uma fotografia, tirada na França, os governadores nordestinos
seguraram uma bandeira com a logomarca do consórcio bem no centro da imagem.
Aumentando o
distanciamento político com o governo Bolsonaro, também nenhuma embaixada
brasileira foi visitada pelos governadores nordestinos.
A caravana nordestina
ainda passou despercebida na imprensa europeia. Nenhum jornal europeu noticiou
a presença dos governadores nordestinos. O assunto foi noticiado, sempre como o
mesmo texto, apenas na região ou em portais de esquerda apoiados pelos governos
do nordeste.
O tour do Consórcio
Nordeste pela Europa foi decidido no calor dos incêndios da Amazônia. A ideia
era fazer um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro, então envolvido em
bate-boca com ele os presidentes Emmanoel Macron da França e Ângela Merkel da
Alemanha. Contudo, os governadores nordestinos não foram recebidos por nenhum
correlato governante francês ou alemão.
Não fosse o rápido
encontro de meia hora com o atual ministro italiano da economia, Roberto
Gualteri, ex-diretor do Instituto Gramsci, não teriam apertado a mão de
autoridades europeias.
Roberto Gualteri, badalado
pelas exibições de guitarra após suas palestras, nada comentou sobre o encontro
com os governadores do nordeste do Brasil em suas redes sociais.
Dourando a pílula da
caravana, depoimentos de diretores irrelevantes, como a supercitada “diretora
de Relações Internacionais da Confindustria”, Ana Elisa Bison, que destacou o
bisonho separatismo em curso. “Juntos como um único território, o Consórcio
Nordeste tem mais força para atrair mais investimentos estrangeiros”, disse a
desconhecida Bison.
Para o objetivo anunciado,
a agenda foi fraca. A caravana andou em locais já trilhados há décadas por
governantes do nordeste. O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
(Fida), por exemplo, já está no Nordeste desde 1980. Dessa vez, o governador da
Bahia, petista Rui Costa, chegou a fazer uma viagem preparatória para garantir
um ambiente de negócios, contudo, os governadores participaram de reuniões sem
peso, com funcionários de segundo escalão em entidades sem decisão política.
Nos eventos viu-se muitas
cadeiras vazias como na reunião em Roma, onde o palco nordestino foi armado na
menor sala do portentoso Centro Congressi Auditorium della Tecnica, na sala
Andrea Pininfarina, onde cabem 150 pessoas. Mesmo assim, segundo noticiado pelo
Consórcio Nordeste, apenas 40 “empresários” italianos estiveram presentes.
O improviso também marcou
presença nas reuniões, com algumas “idéias” criadas na hora da reunião. Foi o
caso da ideia imaginada pelo governador do Ceará, que desenhou apenas
mentalmente um projeto de integração de águas para eliminar os carros-pipas na
região, sem detalhar como e quanto custaria a efetivação da medida.
Com informações do Ceará
0 comentários:
Postar um comentário