“Certamente os apanharei”,
diz o Senhor; “já não há uvas na videira, nem figos na figueira, e a folha
caiu; e aquilo que lhes dei, passará deles.” — Jeremias 8:13
O profeta Jeremias viveu em
um tempo em que o povo de Judá parecia ainda ter uma aparência de piedade (iam
ao templo, faziam orações, ofereciam sacrifícios), mas seus corações estavam
distantes de Deus. A religião continuava de pé, mas o relacionamento havia se
rompido. Foi então que Deus, por meio do profeta, olhou para o seu povo como
quem busca fruto em uma árvore, e nada encontra.
A imagem usada por Jeremias
é forte e simbólica: a videira e a figueira estavam sem frutos, e suas folhas
já haviam caído. Na linguagem bíblica, a figueira e a videira representam o
povo de Deus; aqueles que foram plantados e cuidados com amor, a quem o Senhor
deu leis, promessas e bênçãos. No entanto, toda essa graça parecia ter sido
desperdiçada, pois o coração do povo se tornara estéril.
O problema não era a falta
de oportunidades, mas a falta de resposta. Deus havia regado, cuidado, enviado
profetas e chamado ao arrependimento, mas Israel insistiu em andar por caminhos
de idolatria e injustiça. O resultado foi o que o versículo expressa com
tristeza: “aquilo que lhes dei, passará deles” , ou seja, as bênçãos e a
presença do Senhor seriam retiradas, e o povo colheria as consequências da sua
infidelidade.
Esse versículo não fala
apenas de um tempo antigo. Ele nos alcança hoje, como um espelho espiritual.
Quantas vezes também nós mantemos as folhas (a aparência de religiosidade), mas
sem o fruto do Espírito! Falamos de fé, mas sem obediência; louvamos com os
lábios, mas o coração está longe. Assim como Deus procurou frutos em Judá e não
encontrou, Ele também procura em nós os frutos da transformação: amor,
mansidão, fidelidade, domínio próprio e fé viva.
Jesus retomou essa mesma
figura quando, séculos depois, olhou para uma figueira cheia de folhas e sem
frutos, e a amaldiçoou (Marcos 11:12-14). Era um sinal de que o Senhor
não se contenta com aparência; Ele busca vida verdadeira.
Jeremias 8:13 é,
portanto, um alerta e um convite. Um alerta contra a esterilidade espiritual (viver
sem fruto é viver sem propósito), e um convite para retornarmos à fonte da
vida. Se a figueira está seca, ainda há esperança enquanto houver
arrependimento. O Deus que julga também restaura, e aquele que remove as folhas
também pode fazer brotar novos ramos.
Que essa palavra nos
desperte para examinar o coração e perguntar: “Tenho dado fruto para Deus, ou
apenas mantido a aparência de estar vivo?”
Porque o Senhor continua
procurando; não folhas, mas frutos. E onde há arrependimento e fé sincera, Ele
planta novamente, rega e faz florescer o que estava seco.


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