Brasil: Justiça distorcida, jornalismo subornado


Vladimir Chaves

A cada novo escândalo político ou judicial no Brasil, uma pergunta volta à tona: até quando a justiça continuará sendo manipulada para servir aos poderosos, enquanto o povo sofre as consequências? Como cristão, não consigo olhar para essa realidade sem recorrer à Palavra de Deus, que há séculos denuncia a corrupção do direito como um pecado grave diante do Senhor.

Deuteronômio 16:19 nos lembra: “Não torcerás o juízo; não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno...” A advertência é clara: a justiça deveria ser proteção, nunca mercadoria. No entanto, o que vemos é exatamente o contrário: leis sendo distorcidas, privilégios sendo concedidos e a impunidade sendo alimentada por aqueles que deveriam ser guardiões da lei.

Um exemplo claro disso é quando políticos condenados em várias instâncias conseguem anular suas sentenças e retornar ao poder, mostrando que a lei pesa de forma diferente para ricos e poderosos.

O profeta Amós também não poupou palavras: “Afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta” (Am 5:12). A porta, lugar de julgamento, no Brasil tem se tornado um espaço de barganha. Enquanto isso, o pobre, o órfão e o necessitado seguem esmagados pela indiferença.

O problema não é apenas jurídico ou administrativo; é espiritual. Habacuque descreveu bem a sensação de muitos brasileiros: “A lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o ímpio cerca o justo” (Hc 1:4). Não é isso o que acontece quando poderosos conseguem brechas, recursos e manobras jurídicas para escapar de punições, enquanto o cidadão comum sente o peso da lei?

Como se não bastasse, ainda temos a deterioração moral e ética do jornalismo brasileiro. Profissionais que deveriam servir à verdade e à sociedade transformaram-se em mercenários da notícia, vendendo narrativas sem nenhum pudor. Textos manipulados, omissões deliberadas e distorções sistemáticas beneficiam corruptos, perpetuam injustiças e confundem a população. É um jornalismo que abandona a missão de informar e passa a ser cúmplice do mal, reforçando estruturas de poder corruptas e silenciando vozes que clamam por justiça. Não se trata apenas de erros ou falhas: trata-se de traição à verdade, à ética e à própria consciência.

Na minha opinião, o Brasil precisa urgentemente de algo que vai além de reformas legais: precisa de arrependimento. É ilusão acreditar que penas mais duras ou leis mais rígidas mudarão o cenário se os corações continuarem distantes de Deus. Só há transformação verdadeira quando líderes e cidadãos se rendem ao princípio eterno da justiça divina: “O juízo e a justiça são a base do teu trono” (Sl 89:14).

E qual é o papel da Igreja nesse contexto? Não podemos nos calar. A missão profética não é apenas anunciar bênçãos, mas também denunciar o pecado.

Acredito que o Brasil ainda pode experimentar renovação, mas ela não virá de Brasília nem dos tribunais. Virá quando homens e mulheres se levantarem para viver a justiça de Deus no cotidiano, sem se corromper, sem se vender, e sendo luz em meio às trevas que tomam conta dos poderes em Brasília.

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