A cada novo escândalo
político ou judicial no Brasil, uma pergunta volta à tona: até quando a justiça
continuará sendo manipulada para servir aos poderosos, enquanto o povo sofre as
consequências? Como cristão, não consigo olhar para essa realidade sem recorrer
à Palavra de Deus, que há séculos denuncia a corrupção do direito como um
pecado grave diante do Senhor.
Deuteronômio 16:19 nos
lembra: “Não torcerás o juízo; não farás acepção de pessoas, nem tomarás
suborno...” A advertência é clara: a justiça deveria ser proteção, nunca
mercadoria. No entanto, o que vemos é exatamente o contrário: leis sendo
distorcidas, privilégios sendo concedidos e a impunidade sendo alimentada por
aqueles que deveriam ser guardiões da lei.
Um exemplo claro disso é
quando políticos condenados em várias instâncias conseguem anular suas
sentenças e retornar ao poder, mostrando que a lei pesa de forma diferente para
ricos e poderosos.
O profeta Amós também não
poupou palavras: “Afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados
na porta” (Am 5:12). A porta, lugar de julgamento, no Brasil tem se
tornado um espaço de barganha. Enquanto isso, o pobre, o órfão e o necessitado
seguem esmagados pela indiferença.
O problema não é apenas
jurídico ou administrativo; é espiritual. Habacuque descreveu bem a sensação de
muitos brasileiros: “A lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o
ímpio cerca o justo” (Hc 1:4). Não é isso o que acontece quando
poderosos conseguem brechas, recursos e manobras jurídicas para escapar de
punições, enquanto o cidadão comum sente o peso da lei?
Como se não bastasse, ainda
temos a deterioração moral e ética do jornalismo brasileiro. Profissionais que
deveriam servir à verdade e à sociedade transformaram-se em mercenários da
notícia, vendendo narrativas sem nenhum pudor. Textos manipulados, omissões
deliberadas e distorções sistemáticas beneficiam corruptos, perpetuam
injustiças e confundem a população. É um jornalismo que abandona a missão de
informar e passa a ser cúmplice do mal, reforçando estruturas de poder
corruptas e silenciando vozes que clamam por justiça. Não se trata apenas de
erros ou falhas: trata-se de traição à verdade, à ética e à própria
consciência.
Na minha opinião, o Brasil
precisa urgentemente de algo que vai além de reformas legais: precisa de
arrependimento. É ilusão acreditar que penas mais duras ou leis mais rígidas
mudarão o cenário se os corações continuarem distantes de Deus. Só há transformação
verdadeira quando líderes e cidadãos se rendem ao princípio eterno da justiça
divina: “O juízo e a justiça são a base do teu trono” (Sl 89:14).
E qual é o papel da Igreja
nesse contexto? Não podemos nos calar. A missão profética não é apenas anunciar
bênçãos, mas também denunciar o pecado.
Acredito que o Brasil ainda
pode experimentar renovação, mas ela não virá de Brasília nem dos tribunais.
Virá quando homens e mulheres se levantarem para viver a justiça de Deus no
cotidiano, sem se corromper, sem se vender, e sendo luz em meio às trevas que
tomam conta dos poderes em Brasília.
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