A tragédia de uma igreja sem a Palavra


Vladimir Chaves


A essência da igreja tem sido substituída por uma estética que agrada olhos e ouvidos, mas que não transforma corações. Muitos confundem a igreja com um clube social. Um ambiente onde o entretenimento ocupa o lugar da edificação, onde o culto cede espaço ao espetáculo emocional, e onde o altar se transforma em palco.

A oração, antes prática fundamental de comunhão com Deus, tem sido deixada de lado. O ensino da Palavra, que deveria ser o alimento que sustenta a fé do povo de Deus, é diluído em discursos motivacionais, recheados de frases de efeito, mas vazios de verdade bíblica.

Até a Escola Bíblica Dominical, que por décadas foi o pilar da formação cristã, hoje sofre de anemia espiritual. Em muitos lugares, ela se resume à leitura apressada de textos prontos, desconectados da vida espiritual. O resultado? Crentes frágeis, que não discernem o certo do errado, que trocam convicção por conveniência, que se alimentam de migalhas e não reconhecem mais o banquete das Escrituras.

Mas o que é uma igreja sem a Palavra? É um corpo sem fôlego. É uma videira seca, sem raiz. É uma casa edificada sobre a areia. Sem o ensino fiel, profundo e constante da Escritura, todo o resto é vão. A música, por mais bela que seja, se torna barulho. O culto, por mais bem produzido, se torna performance. O sermão, por mais eloquente, se torna eco vazio de um mundo que já não sabe mais ouvir Deus.

O chamado de Cristo para Sua igreja não mudou. Ele não disse: “Ide e entretenham.” Mas sim: “Ide e fazei discípulos, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28:19-20). O ensino vem antes do crescimento. A Palavra precede a maturidade. A verdade é o fundamento da liberdade espiritual.

A igreja não pode ser apenas um lugar onde as pessoas se sentem bem. Ela precisa ser o lugar onde as pessoas são confrontadas, tratadas, curadas e santificadas. Isso não acontece com músicas da moda ou sermões infrutíferos, mas com o poder da Palavra de Deus, que é viva e eficaz.

Voltemos ao que é essencial. Voltemos à Palavra.

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