Preguem com a verdade no coração e Deus como testemunha


Vladimir Chaves

A pregação do Evangelho, muitas vezes, tem sido tratada como mercadoria, e o ministério, como uma plataforma de autopromoção. Em meio a essa realidade preocupante, as palavras do apóstolo Paulo, em 2 Coríntios 2:17 e 4:2, ecoam como um chamado urgente à integridade, sinceridade e fidelidade no serviço cristão, especialmente em nossos dias.

1. “Ao contrário de muitos, não negociamos a Palavra de Deus...” (2 Coríntios 2:17)

Neste versículo, Paulo faz uma afirmação clara e incisiva: ele e seus companheiros não negociavam a Palavra de Deus. A mensagem é direta, já havia, naquela época, pregadores que diluíam a verdade divina por interesses financeiros ou pessoais, assim como vemos hoje em tantos púlpitos e plataformas.

Paulo, no entanto, declara que falava “em Cristo” e “diante de Deus”, revelando duas marcas indispensáveis de um verdadeiro ministro:

Autoridade espiritual: Ele pregava como alguém unido a Cristo, não como um porta-voz de si mesmo.

Consciência diante de Deus: Suas palavras não buscavam agradar os homens, mas refletir a fidelidade diante d’Aquele que tudo vê.

2. “Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos...” (2 Coríntios 4:2)

No capítulo 4, Paulo aprofunda seu compromisso com a transparência e honestidade. Ele rejeita três práticas que comprometem a genuinidade da pregação:

a) Procedimentos secretos e vergonhosos

São estratégias ocultas e manipuladoras, usadas para enganar ou conduzir os ouvintes por interesse. Paulo abria mão de qualquer método dissimulado. Não havia “bastidores sombrios” em seu ministério.

b) Uso do engano

Paulo não recorria a meias-verdades ou manipulações emocionais. Sua fidelidade à Palavra era o eixo do seu chamado. Hoje, esse alerta permanece: pregar com fidelidade é resistir à tentação de moldar o evangelho às preferências do público.

c) Torcer a Palavra de Deus

Ele denuncia a distorção deliberada das Escrituras para justificar interesses humanos, sejam eles doutrinários, políticos ou financeiros. Paulo rejeita toda interpretação tendenciosa e reforça que a verdade deve ser exposta com clareza e temor.

A alternativa de Paulo: “mediante clara exposição da verdade”

Em vez de manipular consciências, Paulo confiava que a clareza da Palavra de Deus, acompanhada da ação do Espírito Santo, era suficiente para transformar vidas. Ele não dependia de espetáculos nem de apelos vazios. Sua pregação era centrada na verdade e dirigida à consciência de cada pessoa.

3. Contexto histórico e relevância atual

Essas declarações surgem num momento em que Paulo defendia a autenticidade de seu apostolado diante de falsas acusações em Corinto. Era necessário afirmar que seu ministério não se apoiava em interesses carnais, mas na autoridade do Evangelho puro e simples.

Hoje, líderes e igrejas enfrentam os mesmos desafios: adaptar a mensagem para agradar, transformar a fé em produto, e usar o púlpito como trampolim para interesses próprios. Diante disso, os textos de 2 Coríntios 2:17 e 4:2 permanecem como um padrão divino para o ministério fiel:

Transparente

Cristocêntrico

Diante de Deus

Comprometido com a verdade

Enfim: um chamado à fidelidade

A Palavra de Deus não é mercadoria.

O ministério cristão não é palco.

A pregação não é negócio, mas chamado sagrado.

Quando a mensagem do Evangelho é usada como meio de lucro ou promoção pessoal, ela perde seu poder transformador.

Que cada pregador, ensinador, discipulador e servo de Deus tenha coragem de viver e proclamar com integridade, dizendo como Paulo:

“Falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus.” (2 Coríntios 2:17)

E que o povo de Deus discirna entre o discurso interesseiro dos mercadores da fé e a voz fiel dos servos de Cristo, que, com temor, expõem a verdade sem massagear egos, mas com firmeza, graça e reverência.

 

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