O Ministério da Saúde
incluiu a cloroquina, e seu derivado hidroxicloroquina, no protocolo de
tratamento para pacientes com sintomas leves de covid-19. De acordo com o
documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou
não a substância, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, com
a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.
O governo alerta que,
apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de terem
atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há resultados de
“ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que
comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da
covid-19”.
Ainda assim, ao atualizar
as orientações para o uso dos medicamentos, o Ministério da Saúde considerou a
existência de diversos estudos e a larga experiência do uso da cloroquina e da
hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças
crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A droga é, originalmente,
indicada para doenças como malária, lúpus e artrite.
De acordo com a pasta,
como também não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível ou
terapia farmacológica específica para covid-19, as novas orientações buscam
uniformizar as informações para os profissionais da saúde no âmbito do SUS e
orientar o uso de fármacos no tratamento precoce da doença.
No Twitter, o presidente
Jair Bolsonaro comentou o novo protocolo: "Ainda não existe comprovação
científica, mas [a cloroquina está] sendo monitorada e usada no Brasil e no
mundo. Contudo, estamos em Guerra: 'Pior do que ser derrotado é a vergonha de
não ter lutado'", escreveu.
Gravidade média e alta
No final de março, o
Ministério da Saúde incluiu nos seus protocolos a sugestão de uso da cloroquina
em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta. A pasta também
distribuiu ao menos 3,4 milhões de doses do medicamento para os sistemas de
saúde dos estados.
Já o Conselho Federal de
Medicina (CFM) não recomenda o uso da droga, mas autorizou a prescrição em
situações específicas, inclusive em casos leves, a critério do médico e em
decisão compartilhada com o paciente.
O presidente Jair
Bolsonaro defende a possibilidade de tratamento da covid-19 com cloroquina e
hidroxicloroquina desde a fase inicial da doença, segundo ele, após ouvir
médicos, pesquisadores e chefes de Estado. O Executivo chegou a zerar o imposto
de importação do medicamento. Por não concordarem com esse protocolo, os
ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich acabaram deixando o
governo.
Novas orientações
As orientações divulgadas
hoje para o tratamento precoce de pacientes diagnosticados com o novo
coronavírus incluem, na fase de sintomas leves e moderados, o uso da cloroquina
ou do sulfato de hidroxicloroquina associados à azitromicina por 14 dias. Após
o 14º dia devem ser prescritos medicamentos de acordo com os sintomas
apresentados.
Casos leves são aqueles
pacientes que não precisam de internação e apresentam sinais como coriza,
diarreia, febre, perda do paladar e olfato, dores musculares e abdominal,
tosse, fadiga e dores de cabeça.
Tosse e febre persistente,
com piora de algum dos outros sintomas e presença de fator de risco, são sinais
moderados de covid-19. Para os casos moderados, a equipe médica deve avaliar a
necessidade de internação e a presença de infecção bacteriana e considerar o
uso de anticoagulantes e corticóides.
Já os casos graves são
aqueles que apresentam falta de ar e baixa pressão arterial. Para esses
pacientes, o Ministério da Saúde orienta a administração do sulfato de
hidroxicloroquina e da azitromicina, sem período de tempo determinado. O médico
deve ainda considerar o uso de imunoglobulina humana, anticoagulante e pulso de
corticoide.
No documento, a pasta
informa ainda que são contraindicações absolutas ao uso da hidroxicloroquina
gravidez, retinopatia/maculopatia secundária ao uso do fármaco já
diagnosticada, hipersensibilidade ao fármaco, miastenia grave. Em crianças,
deve-se dar sempre prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de
toxicidade da cloroquina. E a cloroquina deve ser usada com precaução em
portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças
mentais.
O Ministério da Saúde
orienta ainda que a hidroxicloroquina não deve ser coadministrada com
amiodarona e flecainida. Há ainda a constatação de interação moderada da
hidroxicloroquina com digoxina, ivabradina e propafenona, etexilato de dabigatrana,
edoxabana, e de interação leve com verapamil e ranolazina. A cloroquina deve
ser evitada em associação com clorpromazina, clindamicina, estreptomicina,
gentamicina, heparina, indometacina, tiroxina, isoniazida e digitálicos.
De acordo com o Ministério
da Saúde, a pasta está consolidando novas orientações para o manejo de
pacientes com covid-19. Além de fármacos, equipamentos e recursos humanos
também estão sendo trabalhados.
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